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Ficções Phantasticas, n.º 2

02.03.14

Ficções Phantasticas, n.º 2

Editores: Marcelina Gama Leandro e Álvaro de Sousa Holstein

A leitura da antologia não foi totalmente satisfatória...

Nota 3/5.

Uma nota: fui um dos revisores do projecto e a ilustração da capa é de minha autoria :)

 

Depois de um primeiro número formado por emocionantes histórias, este número 2 chega a ser algo decepcionante. Dois contos são de terror e o terceiro é terrível. O Terror é um género muito difícil, é raro sentir medo ou sentir uma espécie de temor ao viver uma história. Se no filme até pode ser habitual, a história escrita é que é mais complicado em deixar-me petrificado ou com espírito inquieto. Talvez seja exigente com os contos: ou cumprem esse primário objectivo ou não.
Não acho que isso tenha acontecido com estes contos.


A última missa, de Raquel da Cal - 2*
O conto usa elementos habituais do terror gótico mas vale sobretudo por situar-se em território português, uma aldeia como tantas, e trabalhar com a credulidade e fervor religioso dos habitantes. O padre Figueiroa é transferido para uma aldeia e cedo se apercebe de um certo mistério que lá ronda e da atitude distante dos habitantes. É auxiliado por uma garota na resolução do mistério e envolve-se num conflito final com muita acção. Dá a ideia de que a personagem pode participar em mais contos, há ali material para mais.
O terror assenta numa manifestação sobrenatural, não é feito de temor psicológico em que sentimos o lado irracional tomar conta da personagem. E isso verificou-se na história, a personagem nunca mostrou ter medo ou ralação, ou colocada em situações de perigo. Talvez uma inquietude, mas penso que podia haver mais dramatismo, algo mais que pudesse destacar-se dos demais contos lidos e puxasse pelo meu entusiasmo.
Não pude apreciar a leitura do conto devido à escrita. Tem muito ruído. Muitas repetições e muitos tiques. Comecei a prestar demasiada atenção aos tiques e isso fez quebrar-me o ritmo da leitura, o que me deixou frustado. Principalmente em contos de terror, o leitor deve sentir-se agarrado ao ambiente construído pela história e não mais ser largado. Um exemplos dos tiques neste conto é o recurso à expressão "este", como em "Maria atirou um prato ao João mas este desviou-se a tempo". Porque não usar um "ele"? Ficaria mais agradável de se ler, e se o autor quiser até pode prescindir de usar pronomes. Basta ter o cuidado de manter a história no ponto de vista do protagonista. Agora, o termo "este", geralmente usado para designar a última pessoa ou coisa a ser referenciada, ser usado quando a personagem está sozinha no quarto... desagrada-me.
Gostava de voltar a ler textos do autor mas espero que com uma escrita mais aprumada.

A coisa no CPU, de Ricardo Dias - 3*
Foi mais agradável de ler, tem uma escrita cativante. E tomou uma direcção diferente: é simples e é psicológico.
Uma personagem sem nome tem um trabalho de secretária: enfadonho e com um computador. E um dia o computador assume comportamentos esquisitos e o protagonista desconfia que se trata de um vírus. Ele não está habituado a tal situação melindrosa e, apesar dos esforços da ajuda técnica, a cada dia que passa sente-se mais desgastado com a presença no computador.
Não pude deixar de recordar-me, durante a leitura, de alguns recentes filmes japoneses que bem exploraram o medo a propagar-se através de meios audiovisuais. Este conto conseguiu recriar esse mesmo fascínio e foi fácil "ouvir" o familiar ruído branco enquanto via as imagens a serem reproduzidas no ecrã do computador de escritório. Essas imagens, por sua vez, são inspiradas num mundo ficcional bastante conhecido entre os fãs de terror. Certamente que será mais apreciado pelos fãs dessa mitologia. Eu gostei muito de ler, deixou-me entusiasmado em querer saber mais pois o suspense estava bem feito, mas achei que faltava uma cena mais, uma que me deixasse totalmente atarantado. Não sei, acho que o autor podia ter ido muito mais longe, brincar um pouco mais com o suspense e com o destino da personagem. O conto tinha imenso potencial! Acho que foi tanta a antecipação que no fim não se viu a sua recompensa desejada.

Eu trago o fogo do Sol, de Carlos Alberto Espergueiro - 1*
Conto maçador e confuso. É todo dedicado à descrição de um mundo ficcional. Fala de Energia? De Igreja e governos? O autor entusiasmou-se em falar de ideias e expressões "científicas" rebuscadas de que foi capaz a sua fértil imaginação, e que não achei totalmente claras, mas esqueceu-se que o mais importante, sempre, é a narrativa.

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publicado às 23:00


Feira do Livro de Braga

Braga, 3 de Julho a 19 Julho


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