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A Fenda

10.05.12

 

A Fenda

Doris Lessing

Editorial Presença

 

Ideias interessantes, as personagens não acho cativantes e a história é chata.

Nota 2/5.

 

Esta opinião contém spoilers

Neste romance a autora parte de uma simples premissa: no início não havia homem, apenas mulher. Começa então por elaborar um mundo em que apenas vivem mulheres, em sintonia consigo próprias e com a natureza. Rapidamente estabelece como se procedem os nascimentos nesta terra, na ilha, em que elas vivem de um modo, a meu ver, fantástico no sentido que é fantasioso e irrealista, o que fazia prometer de início mas engana. Vemos que não só nascem meninas mas também meninos. Devido à monstruosidade que os meninos comportem entre as pernas, as mulheres decidem deixá-los entregues à sua sorte, sozinhos, e assim o mundo vive só de mulheres, um mundo ideal na ideia delas. Gostei desta parte, não seguíamos nenhuma personagem em particular mas conseguia visualizar o mundo que a autora descreveu, os comportamentos e os costumes das mulheres. Mais tarde homens e mulheres partilham o território e o primeiro contacto entre os dois povos devem-se entre espécimes no seu auge sexual, o que levou a troca de curiosidades e afectos. Prometia mas a autora nunca entrou em detalhes, a escrita pareceu-me muito afastada e impessoal. Ficamos a saber que houve acasalamentos mas não mais que isso, parece que assisti a um documentário muito sério (não académico). O que não deixa de ser curioso, é habitual as histórias dessas eras primordiais aproveitarem o instinto animal livre de regras civilizacionais. O que a propósito, a narrativa é feita através de um senador da Roma antiga que lê as memórias deixadas pelos primeiros povos, é claro o propósito em estabelecer uma comparação entre as primeiras eras com uma das primeiras Civilizações, e porventura entre esta e a nossa, actual, já que também acompanhamos as vivências das personagens de Roma. Nesta parte da narrativa notou-se que a escrita é mais fluída mas também mais condensada, o que permitia avançar na narrativa.

Regressando ao ponto anterior, também notei que pontualmente a autora lá dava uns toques eróticos, frases como "ombros e braços pesados, coxas bem fornecidas e nádegas bem musculosas" e "seios fartos cheios de leite", mas serviu apenas para comparar entre as mulheres e os homens, elas sedentárias que tomam banhos de sol, eles ágeis que exploram territórios, que empenham-se na caça, os corpos tornados mais delgados e comportamentos tornados mais agressivos, chegando a acontecer homicídios.

A partir de sensivelmente a meio do livro é quando comecei a ter desinteresse pela história, as primeiras famílias foram formadas, elas tomam conta de crianças, eles partem às aventuras. Mais males acontecem, eles exponham as mulheres e crianças a perigos mas ao mesmo tempo elas começam a seguir os homens como estes fossem líderes. Não sei se a autora quis dar o destino que fideliza o momento actual, o do leitor, ou aceita que os homens tenham a tendência de se tornarem líderes, mesmo que tenha conceptualizado um primeiro mundo só de mulheres. Tantos males acontecem que é evidente o contraste com o mundo ilídico das mulheres. E os homens procuravam depois consolação entre as mulheres.

Mensagem da história: os homens causam o mal e as mulheres remedeiam.

Foi dificil de ler os capítulos finais,a escrita tangenciava com o enfadonho, e ideias eram abusamente repetidas, eu avançava aos bocadinhos e depois, a sério, enchi-me de coragem e decidi ler o que restava de um trago só, mesmo que alguns parágrafos tenham sido lidos em diagonal (pecado) até que finalmente li as frases finais (não gosto de deixar a meio e não já faltava tanto). Digo, entre nós que ninguém ouve, que não compensou.

 

Este foi o livro com que a Doris Lessing ganhou o Prémio Nobel, fica a ideia que foi premiada devida à sua vida e obra extensa de mais de 50 livros. Como aconteceu com Saramago e Scorcese. Por isso, ainda vou ler algo mais desta autora. 

A edição está cuidada, não notei falhas, e a capa não penso ser muito chamativa.

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publicado às 00:14

O Heróico Major Fangueira Fagundes

04.05.12

 

O Heróico Major Fangueira Fagundes (e todolos seus anexos)

Luís Novais

Esfera do Caos

 

Com diferentes estilos de escritas, personagens curiosas e uma história, de quando em vez, absorvente, é um livro aconselhável.

Nota 3/5.

 


A primeira "vítima" a levar com a minha apreciação e como tal pode sofrer de uma injusta avaliação, já que posso não saber ainda expor devidamente as opiniões formadas. Vou começar por dizer que fiquei dividido com a leitura deste romance. Gostei sobremaneira do humor que o autor empregou, nos diálogos e nas situações vividas pelas personagens, desde o humor inteligente até à vulgar brejeirice. Desgostei um pouco em algumas partes que soavam a um discurso filosófico e político, aproximando a escrita de um ensaio. Com este romance o autor faz uma crítica à sociedade, não pode deixar de optar por este discurso narrativo mas soube também assentar as suas ideias numa história, apoiando-se em personagens verossímeis. A galeria de personagens é extensa e muito bem definida que foi aproveitada para apresentar as diversas faces da revolução, ponto de partida desta história. Contudo acho que a história perdeu um pouco de interesse em desdobrar-se em tantas personagens, pois se há personagens interessantes, outros há bastantes enfadonhas e indiferentes.
A personagem principal é bastante interessante, o Major Fangueira Fagundes, e tem um jeito de ser que me faz impelir na leitura e querer saber do seu destino – e tem-no. Curioso é que serviu mais para provocar comportamentos noutras personagens, estas formam um retrato da sociedade e aqui vemos do que o povo é capaz e na minha opinião gostei de algumas personagens e fez-me crer que é assim que somos.

De destacar o rico estilo de escrita empregue, temos textos num tom arcaico que de início fez-me custar a ler, pelas palavras e expressões semi-obscuras mas também a nivel sintático: um certo desprezo pelas vírgulas, quase inexistentes, que me fez repetir a leituras dalgumas frases pois eu colocava instintivamente pausas nos locais errados o que me faria confundir as atribuições de pronomes. Temos também textos num "estilo actual", são os anexos do título, alguns deles são uns divertidos exercícios de escrita, que faz dar pontos ao livro.
Por fim, de assinalar as repetições abusadas que arrastaram a leitura, por exemplo algumas ideias eram repescadas diversas vezes em capítulos seguidos e curtos, e também a enfadonha personagem do Super-Homem monologava em vários parágrafos o que podia bem dizer numa frase.

Concluindo, apesar de haver partes chatas, foi no geral bastante prazenteira e aconselho a leitura.

A edição está cuidada e interessante e a capa está impecável.

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publicado às 21:00

Olá Mundo

01.05.12

Este é um cantinho de opiniões, vou aqui apresentar os meus gostos e leituras, registar comentários e pensamentos sobre obras consultadas. De início serão opiniões que podem ou não serem um tanto vagas ou fundadas, numa primeira fase não estou preocupado se afinal não é adequada a maneira como exponho as opiniões.
Estava a pensar em dedicar o blogue a leituras mas como não leio muito (penso que nunca passei da marca de dez romances num ano, tirando o grosso volume de BD, revistas e livros didáticos), sou capaz de também comentar cinema, de que gosto muito. Também não faço muito isso e assim, para o blog ficar mais composto, também incluirei opiniões de séries de tv, isto já mais frequente.
Quem me conhece deve ter reparado que sou capaz de condensar uma opinião sobre qualquer obra em apenas uma mão-cheia de palavras. Não que tenha o excepcional poder de síntese (muito útil; é eficaz apenas indicar “gostei,” toda a gente ficava contente, mas veio o facebook e já fica mal dizer, damn. E muitas outras expressões “roubadas” como o “até já” e o “boa!”), que não tenho tal poder, mas que não é fácil expressar-me de um modo estruturado, desenvolver a opinião e rematar com uma conclusão. Se uma opinião for escrita pode ser que corra melhor; poderá também ser terapêutico, que sou tacanho e tenho de ver se perco o receio de opinar em público.
Por fim, o blogue também servirá para me conhecer, afinar os meus gostos e adquirir uma postura crítica, que poderá ser útil nas actividades criativas que pratico.
Não sei se hei-de dedicar muito tempo a este blogue mas giro seria se houvesse uma periodicidade semanal.
Desejo uma boa estadia aos visitantes deste blogue, que seja do vosso agrado.

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publicado às 21:00


Feira do Livro de Braga

Braga, 3 de Julho a 19 Julho


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